domingo, 19 de junho de 2011

FANTASMA

A vida findou.
À cova desci.                                              
No cimo,
Murmúrios...
Lamento…           
Meus versos ficaram
Ao sabor do vento.
Ó vento que passas
Semeia os meus versos
No céu, no deserto,
No mar sem ter fim.
Que os homens os cantem,
Que sejam gritados,
Que falem de mim!
Meus versos são rios,
São bolas de neve,
São estrelas cadentes
Do céu a brotar.
Ó nuvens imploro!
Deponham meus versos
Nas águas do mar!
Que o mar os engula,
Que as ondas os escrevam
Na areia doirada.
Que sejam louvados,
Em coros cantados
Na luz prateada!
Ó sol que alumias
Sementes fecundas
Dá vida aos meus versos!
Que cresçam dispersos
Em terras imundas!
Que sejam gerados em sonhos
Em fados, em palavras de amor.
Que vibrem em lábios
De deuses,
De amantes,
De algum trovador!

Fantasma sou eu
Dos meus versos, grilhão…
Sou palavra viva, sou alma,
Sou assombração! 
  
                                            Eugénia Edviges

Um grande abraço 


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