terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Apetece-me Escrever


Apetece-me escrever...
Tudo o que os meus
Olhos vêem,
O que as minhas mãos
Afagam...
Representar no papel
O perfume duma flor,
O sussurro de um riacho.
                                    Quero que estas
Folhas brancas
Contenham em si
O desejo de possuir
Um corpo vibrante.
Apetece-me escrever
O riso duma criança,
A canção do mar
Que ecoa
No silêncio da praia.
                                    Escrever o tempo numa folha
E que todos leiam
Como quem descobre
Que não há limite de palavras
Para a eternidade.
Escrever o dia e a noite
Que se alcança
                                    Através dos gestos
                                    Das florestas.
Apetece-me escrever
Como se fizesse amor
No jardim dos deuses...


                                                        Eugénia Edviges
Quadro de Johannes Vermeer (1632-1675). Foi um pintor holandês, que também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer.

Um grande abraço


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

As Letras Que Eles Cantam - As Vidas dos Outros

 Letra e música: José Rebola

Eu sou tão bom a falar das vidas dos outros
há sempre um conselho a dar p`rás vidas dos outros
Nada é eterno e se aguentarmos todo o mal tem fim
É fácil ter calma quando a alma não me dói a mim
Eu sou tão bom a tornar todo o mal inerte
Se é aos outros que lhes custa que o passado aperte
Mas quando a inquietude vem toda para o meu lado
Deita-se desnuda  e não desgruda até me ter vergado.

É tão simples quando estou de fora
A ver passar as nuvens pelo ar
Aplaudir, rever-me e concluir
Que eu também já lá estive e...
Já soube ultrapassar
Só a mim é que ninguém me entende
E a minha dor não tem como acabar
Ai quão melhor era acordar um dia
E ter as vidas dos outros todas em meu lugar

As vidas dos outros nunca me soam mal
Vêem problemas no que é no fundo normal
Ai se eles soubessem como é viver assim
As vidas dos outros são tão fáceis para mim

Eu sou tão bom a falar das vidas dos outros
Sempre me sei comportar nas vidas dos outros
Volta, revolta, o melhor está para vir
Solta tudo agora, não demora tornas a sorrir
Eu sou tão bom a apagar qualquer mau momento
Se é aos outros que lhes bate à porta o sofrimento
Mexe, remexe, alguma coisa hás-de encontrar
A solução é procurar

Eu sou tão bom a falar
Eu sou tão bom a cantar
Eu sou tão bom a contar as vidas dos outros
Eu sou tão bom a falar
Eu sou tão bom a curar
Tudo menos o meu próprio mal.

Um abraço.
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