segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Há Sempre Um Poema

Há sempre um poema
Num rosto impassível
Num olhar sem alma,
Num soluço abafado.
Há sempre um poema
Num sorriso triste
Que tenta esconder
Um fim planeado.

Há sempre um poema
Em passos incertos,
Em palavras perdidas
Nos uivos do vento.
Há sempre um poema
Num gesto contido,
Numa dor vibrante,
Num surdo lamento.                 

Há sempre um poema
No cabo de um sonho
Onde os anseios
Se lançam ao mar.
Há sempre um poema
Que eu posso escrever
Há sempre um poema
Por amansar.



Eugénia Edviges


Um grande abraço.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

As Letras Que Eles Cantam - Outra Margem de Mim





OUTRA MARGEM DE MIM - letra e música de Mafalda Veiga

É muito tempo a desejar o tempo
De mudar ventos, levantar marés
É muita vida a desejar o alento
Que faz saber ao certo quem és

É funda a toca onde te escondes tanto
Tem a distância entre o silêncio e a voz
A vida rasga bocadinhos gastos do mundo
Vai descascando até chegar a nós

A tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salva
Do que o medo fechou

São muitos dias a perder em vão
Sem nunca entrar dentro do labirinto
É muita vida a não ser o que tu sentes
A planar sobre o que eu sinto

É quase noite, não te escondas mais
Vai desatando até entrar o ar
Dá-me um gesto que me diga o teu fundo
Uma palavra para te tocar

Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou

Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim
Olha-me dentro como chão que me agarre

Pode ser esta noite quente
A estrada aberta mesmo à nossa frente
E tu e eu a descobrir o ar
Não é preciso correr
Não é urgente chegar
O que é preciso é viver

Não é urgente chegar.
O que é preciso é viver.



Um abraço

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Praça da República




Esta Praça secular testemunhou
Uma história de ruínas e de medo
E o seio do seu jardim já vibrou
Com amores confessados em segredo

Nesta Praça uma ruela foi rasgada
A que o povo, com vaidade, diz que é sua,
Musa de poetas e em telas pintada…
Do Arco, assim se chama aquela rua!

Esta Praça foi palco de risos geniais
Quando os grupos, alegremente, esperavam
As comédias ou os dramas imortais
Que, por escassas horas, admiravam.   

No seu centro uma pedra escura existe
Onde outrora se ouviam tanger os sinos;
Só a pedra fala de uma história triste,
Só a pedra canta a lembrar os hinos.

Daqui seguem caminhos para novos horizontes,
Para outros lugares, em certo tempo, distantes,
Para outros rios, para outras fontes,
Para outras pedras falantes.


Um grande abraço.

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