sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pedro Homem de Mello - O Bailador de Fandango


Poeta português, de nome completo Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello, nascido a 6 de Setembro de 1904, no Porto, e falecido a 5 de Março de 1984. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi professor de Português e de Literatura Portuguesa no ensino técnico. É autor de uma obra poética extensa (cerca de 25 volumes de poesia),  integrando uma poesia de cunho tradicional. A sua poesia, de raiz popular, revela que era apaixonado pelo folclore português, tendo escrito sobre isso vários ensaios e feito vários programas de rádio e televisão.
Foi distinguido com o Prémio Antero de Quental  e o Prémio Nacional de Poesia em 1973. A sua obra poética encontra-se compilada em Poesias Escolhidas. Como estudioso do folclore nacional, escreveu A Poesia na Dança e nos Cantares do Povo Português e Danças de Portugal.





O Bailador de Fandango

Sua canção fora a Jota
sua dança fora o vira
Chamavam-lhe o fandangueiro
mas seu nome verdadeiro
quando bailava, bailava...
não era nome de cravo
nem era nome de rosa
era o de flor misteriosa
que se esfolhava, esfolhava...
e havia um cristal na vista
e havia um cristal no ar
quando aquele fandanguista
se demorava a bailar.
e havia um cristal no vento
e havia um cristal no mar
e havia no pensamento
uma flor por esfolhar...

Fandangueiro! Fandangueiro!
nem sei que nome lhe dar
tinham seus braços erguidos,
não sei que ignotos sentidos...
jeitos de asa pelo ar?...
quando bailava, bailava,
não era folha de cravo
nem era folha de rosa,
era uma flor, misteriosa,
que se esfolhava, esfolhava...

Domingos Enes Pereira,
do lugar de Montedor,
o bailador de fandango
era aquele bailador!

Vinham moças de Areosa
para com ele bailar.
E vinham moças de Afife
Para com ele bailar.
Então as sombras dos corpos
Como chamas traiçoeiras
entrelaçavam-se...e a dança
cobria o chão de fogueiras.
e as sombras formavam sebe,
o movimento as florira:
O sonho...a noite...o desejo...
Ai! belezas da mentira!
E as sombras entreleçavam-se,
Os corpos, ninguém sabia
Se eram corpos, se eram sombras,
Se era o amor que se escondia...



Um grande abraço

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